Este é um excerto: Prefácio do autor a primeira edição:
Nos pequenos estudos que se seguem como aliás em todos aqueles a que me venho aventurado, o critério principalmente seguido é o regional, o ecológico, o histórico, de tentativa de fixação e às vezes de interpretação e até de avaliação extracientífica de característicos brasileiros de cultura e de "raça", através da consideração de problemas de relações interhumanas e interregionais entre nós. Sendo dos que acreditam a antropologia capaz de concorrer para melhor administração do Brasil e para sua articulação mais inteligente - articulação social e de cultura - com os demais povos americanos - todos eles com problemas semelhantes aos nossos: principalmente os relacionados com o indígena e a sua cultura - não hesito em ir até à sugestão ou esboço de uma filosofia intereamericana de política de cultura que teria nas ciências sociais - especialmente na antropologia - auxiliar poderoso, sem sacrifício, é claro, da dignidade científica das mesmas ciências.
Deste pequeno grupo de pequenos estudos - reunidos por insistência do diretor do Departamento Cultural da Casa do Estudante do Brasil e a que se seguirá nova série tendo por assunto principal o problema do ameríndio no Brasil do ponto de vista da antropologia aplicada e da referida filosofia de política de cultura - não sei separar um desejo; o de que seja dada ao brasileiro, no decorrer dos seus estudos secundários, a oportunidade de iniciar-se naquelas ciências sociais mais ligadas com os problemas do nosso tempo e do nosso país. A antropologia e a economia, por exemplo. Admito que a sociologia seja estudo alto de mais para o adolescente de colégio; mas o que não lhe deve faltar é a iniciação nas ciências sociais mais concretas e objetivas, entre as quais a antropologia se apresenta de interesse particular num país como o Brasil. Nossos problemas quase todos exigem o conhecimento da situação dos povos e das culturas aquí reunidas. Não se compreende, em face disso, um programa de curso secundário que só inclua a iniciação nesse conhecimento vagamente dispersa pela geografia e pela história: uma espécie de favor da pedagogia arcaica a ciências novas e vigorosas que não precisam de favor, nem caridade. Nós é que precisamos delas.
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